Por: Oti Maslinkiewicz
"Demorei a não me sentir machucada com essa palavra,
Faz 5 anos que consigo dizer que sou gorda.
Não sou gordinha e nem fofinha,
SOU GORDA!
Por sorte não tive uma infância ou adolescência sendo machucada por ser gorda,
Aos 23 anos, então senti, foi quando eu engordei. O mais triste é que nunca ninguém falou comigo pra saber como eu estava. Mas olhares e comentários maldosos chegavam de quase todas as pessoas.
Ninguém engorda ou emagrece muito assim, do nada.
Tem algo acontecendo e, posso dizer que tudo que a pessoa não precisa é de julgamento.
Eu estava gerando meu filho, mas no quinto mês da gestação tive um aborto. Fiquei sabendo que o bebê não tinha mais batimentos, aquela vida ali dentro de mim, o perdi. Eu estava radiante, queria ser mãe e sumi pra dentro de mim naquele instante de dor.
Imagino como seria seu rosto, o desejo de ter visto. A depressão durou 1 ano e então engordei + de 50 quilos.
A mãe, anja, me ajudou a sair dessa, fiz terapia, fui medicada, e nesse processo me encontrei, comecei me ver mais bonita, mais feliz, divertida, a ser melhor como pessoa, sentimentos mais aflorados e vontade de fazer mais. O corpo padrão passou a não ser mais uma busca constante. Eu tinha perdido tanto, o que eu tinha de valioso nunca havia sido o padrão.
Estou contando pro mundo, mesmo que isso não seja simples, pois muitas vezes tem uma história por traz daquilo que você tá vendo.
Acolhe!
Segui sendo gorda,
Sou até hoje.
Porém sem depressão.
Tenho o efeito sanfona.
Às vezes muito gorda,
Às vezes menos.
O cabelo colorido, as tatuagens, as roupas e os acessórios se tornaram minha armadura de luz! Vestindo cores me sinto linda e poderosa, e também corajosa.
Sou empresária, amiga e irmã.
Às vezes fada, bruxa e ajudante do papai Noel.
Humana, com defeitos, e em busca de melhores versões da Oti, (sempre!) chorona, romântica,
e muito libriana.
Um corpo cheio de histórias, as pernas que, com varizes contam quantas 12 ou 15 horas eu passei de pé - por dias seguidos - mas com o glitter brilhando nas bochechas.
Hoje é um manifesto, um dia de conscientização, gorda não é ofensa.
Gorda é muito amor.
Tu não precisa ser perfeita ou performar o que o mundo espera, mas tu pode achar um jeito teu de ser feliz contigo mesma. Acolhe e ama teu corpo.